segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

FESTA DA DEMOCRACIA

Nelson Liano Jr.
O reinício dos trabalhos parlamentares no país nessa, segunda-feira, promete agitar o cenário político brasileiro. As eleições para as presidências da Câmara de Deputados, do Senado Federal e da Assembléia Legislativa do Acre serão uma prévia das articulações políticas que definirão candidatos e coligações para os cargos executivos para o próximo pleito, em 2010, de governadores e presidente da República.

Em relação a Aleac tudo deve transcorrer dentro do esperado. “Céu de brigadeiro” para a reeleição do deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) à presidência da Casa Parlamentar Acreana. Mesmo assim, ontem, o comunista estava reunido com os deputados do PSDB para garantir a unanimidade dos 24 votos no plenário. “Em política sempre podem surgir novidades. Mas está tudo muito bem encaminhado para a unidade da eleição da mesa diretora da Aleac”, disse ele.

Câmara de Deputados pode ter segundo turno
Na Câmara, podem acontecer surpresas. O favorito é o deputado Michel Temer (PMDB-SP), mas como a eleição só acontece, às 16h, depois da decisão do Senado, às 10h, o quadro pode mudar em poucas horas. Muitos deputados da base aliada do governo ameaçam mudar os votos caso o senador Sarney (PMDB-AP) seja eleito no Senado. Tem parlamentares que defendem o cumprimento do acordo anterior entre o PMDB e o PT que definia a alternância de comando nas duas Casas. O PT sairia da Câmara para o Senado e vice-versa. A hegemonia dos peemedebistas no comando do Congresso Nacional é visto como prejudicial ao equilíbrio das forças partidárias democráticas brasileiras.
Para entender o que está em disputa. A Câmara Federal é formada por 513 deputados com direito a voto. Quatro candidatos disputam o cargo de presidente, além de Michel Temer, estão na corrida sucessória de Arlindo Chinaglia (PT-SP), Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Ciro Nogueira (PP-PI) e Osmar Serraglio (PMDB-PR). Para a eleição ser resolvida em primeiro turno é necessário que um dos candidatos tenha 257 votos. Caso isso não ocorra, haverá uma nova disputa com os dois mais bem votados. O que está em jogo é o terceiro cargo mais importante da República. O presidente da Câmara assume o executivo do país na falta do presidente e do vice. Além disso, administrar um orçamento de R$ 3,5 bilhões por ano torna o cargo ainda mais atraente.
A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) afirmou que o favoritismo de Michel Temer diminuiu em função da campanha ter começado de verdade só a poucos dias quando os parlamentares voltaram de férias. “As articulações estão acontecendo mesmo neste final de semana. Assim que começou o movimento dos parlamentares o Michel começou a diminuir o favoritismo. Eu acredito que terá segundo turno. Só resta saber se será entre o Michel e o Aldo Rebelo ou o Ciro Nogueira. Mas em todas as conversas políticas aqui em Brasília é unânime a rejeição quanto a possibilidade do PMDB comandar as duas Casas”, afirmou a parlamentar acreana que apóia Aldo.
O deputado Gladson Cameli (PP-AC) também acredita num segundo turno na Câmara. “Depois da traição do PMDB a Tião Viana no Senado tudo pode acontecer por aqui. O meu partido o PP votará unido no deputado Ciro Nogueira. Mas nós temos um acordo com o PCdoB para apoiarmos reciprocamente quem for para o segundo turno contra o Michel Temer”, disse ele.

Eleições no Senado transforma-se em fiel da balança
O noticiário da mídia na-cional aponta a disputa no Senado entre os senadores Tião Viana (PT-AC) e José Sarney (PMDB-AL) como fundamental para o resultado tanto da eleição na Câmara quanto à própria sucessão presidencial. A alternância de situações tornou o pleito eletrizante e indefinido.
A princípio o acordo era que a base governista votaria unida por um candidato do PT, no caso o senador Tião Viana. Mas as movimentações de bastidores do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), levaram o ex-presidente Sarney à disputa. O presidente Lula, na expectativa de um futuro apoio do PMDB à sua candidata Dilma Rousseff, lavou as mãos e não quis interferir no resultado da eleição. Trata-se de dois candidatos da base de apoio do governo.
A princípio a entrada de Sarney parecia unir parte da base governista e mais a oposição. No entanto, a decisão do PSDB em apoiar a candidatura do senador acreano Tião Viana deixou o resultado completamente indefinido. Segundo a líder do PT no Senado, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), a candidatura do senador petista já reúne 39 votos consolidados. “Agora é o esforço final para conseguir os votos que faltam e mais alguns para ter tranqüilidade”, afirmou.
Ricardo Berzoíni, presidente do PT disse, ontem, que Tião “está muito próximo de ter a maioria absoluta garantida dos votos. Nas últimas 24 horas o cenário mudou completamente”.
Para ser eleito presidente do Senado, são necessários 41 votos do total de 81 senadores. A votação é secreta, o que pode provocar traições dos parlamentares em ambos os lados. O DEM (14 senadores), o PMDB (20), o PTB (7) e o PP (1) dizem que votam em Sarney. PSDB (13), PT (12), PSB (2), PR (4), PSOL (1), PRB (1) e PDT (5) anunciaram apoio a Tião Viana. Mas os números não são absolutos. Tudo depende das próximas horas.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS), por exemplo, acredita que José Sarney possa sofrer pressão para desistir da sua candidatura. Na opinião dele, o apoio do PSDB a Tião Viana foi um jogo de cena para dividir a base de apoio do governo no Senado. Sem revelar o seu voto, o senador que já foi adversário político do ex-presidente Sarney ainda acredita numa costura do Planalto para que haja uma única candidatura de convergência na hora da votação em plenário.
O fato é que tudo ainda é possível de acontecer tanto no Senado quanto na Câmara. Os parlamentares brasileiros começaram a chegar a Brasília nos dois últimos dias. As famosas conversas de “pé-de-ouvido” e os movimentos de bastidores serão decisivos para os votos no Congresso Nacional.

Sociedade acreana unida por Tião Viana
Nos últimos dias o senador Tião Viana, atual primeiro vice-presidente do Senado, tem recebido muitas cartas de apoio de políticos e instituições no Acre. Instituições de classe do Estado têm se manifestado pela importância de ter um representante do Acre num cargo tão importante.
O Conselho Regional de Medicina considera um orgulho ter um médico humanista em cargo de tamanha relevância. Para eles, isso significa um avanço tanto para o Acre quanto ao país. O Conselho Estadual de Saúde também manifestou-se a favor da candidatura de Tião Viana no Senado.
Também os procuradores do Acre escreveram. “Em momentos de crise, como a atual é que se vê surgir grandes líderes, homens ou mulheres, que concebem caminhos inovadores e renovam a esperança em ideais tão caros ao fortalecimento de utopias, sonhos e visão de futuro”, diz a carta.As entidades ligadas à indústria e o comércio também publicaram notas na imprensa de apoio ao senador acreano. “O momento que estamos vivenciando - que tem como principal fato a eleição para a presidência do Senado - tem uma grande importância para nós acreanos, haja visto que, de uma maneira histórica, poderemos vir a ter um parlamentar do nosso Estado na presidência dessa importante Casa Legislativa”. O texto é assinado pelos presidentes da FIEAC, FAEAC, Fecomércio, Acisa e Federacre.
Religiosos católicos e evangélicos também têm enviado mensagens de solidarie-dade ao Gabinete do senador Tião Viana ressaltando a importância da sua eleição para o Brasil e o Acre. Uma verdadeira, mobilização da sociedade que entende o momento histórico como sem precedentes.
Afora isso, quase toda a classe política do Estado tem mostrado-se favorável a vitória de Tião Viana. O governador Binho Marques, o prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim e o ex-governador Jorge Viana estão empenhados no êxito da empreitada do senador Tião Viana.

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