quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

ACRIANOS PREOCUPADOS COM A DENGUE

O ano mal começou e um problema decorrente do período de inverno está causando grandes trabalhos às autoridades de saúde pública do Estado. Trata-se da dengue. Em Rio Branco, somente em janeiro deste ano, 1.813 casos foram notificados. Do total, 223 foram confirmados por dengue clássica e dois casos por dengue hemorrágica, mas todos evoluíram para a cura.
Além desses casos, mais 1.551 pessoas estão aguardando resultado laboratorial que, segundo relatos dos secretários de Saúde, mais de 50% deles devem ser confirmados.
É o caso da empregada doméstica e moradora do bairro Geraldo Fleming, Ana Maria de Paiva, que, na manhã de ontem, dia 4, estava esperando por atendimento no Centro de Saúde Barral Y Barral, situado no bairro Estação Experimental. Após realizar quatro exames, o quinto confirmou o que ela suspeitava: dengue.
“Desde 8 de janeiro que estou com sintomas dessa doença. Fui medicada no pronto-socorro, mas não melhorei nada. Várias vezes vim ao Barral y Barral. Na segunda-feira, por exemplo, eu vim e mandaram que eu voltasse hoje [ontem], então estou aguardando”, disse Ana Maria.
Além da Maria, inúmeras pessoas estão comparecendo ao Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) e aos Centros de Saúde Barral y Barral e Cláudia Vitorino. Todos em busca de atendimentos médicos e de exames laboratoriais.
Esses dois centros de saúde tiveram o horário de atendimento ampliado até as 22 horas, o que também será feito no centro de saúde da Vila Ivonete, no máximo, até a próxima semana.
“O Barral y Barral não tem mais capacidade de atender a grande demanda de pacientes com suspeita de dengue e também viroses. Está superlotado. No limite”, disse à TRIBUNA na terça-feira o secretário municipal de Saúde, Pascal Khalil.
Neste ano, há confirmação da circulação de três tipos de dengue: DEN 1, DEN 2, DEN 3. A circulação de mais de um sorotipo aumenta o risco de aparecimento de casos de dengue hemorrágica. Em dezembro de 2004 até fevereiro de 2005, também foram confirmados esses três tipos de sorotipo no município.
Rio Branco registrou em 2007 1.380 casos notificados e, em 2008, 3.688 casos, representando um aumento de 167,2%. Em 2007, foram confirmados 307 casos de dengue clássica e, em 2008, foram 807, o que representa um aumento de 162,9%. Em 2007, não foi registrado nenhum caso de dengue hemorrágica e, em 2008, foram confirmados cinco casos.Além de Rio Branco, Epitaciolândia e Brasiléia também estão em situação crítica.
Prefeitura convoca entidades
Representantes do poder público e da sociedade civil se reuniram no auditório da Biblioteca Mariana Silva para traçar ações conjuntas para combater a dengue principalmente nos bairros com maior número de casos notificados. A reunião aconteceu nesta quarta-feira.
“Já esgotamos a capacidade de colocar agentes, carros e fumacê nas ruas. A sociedade precisa encarar essa situação como uma tarefa de todos, só assim vamos conseguir vencer a doença, principalmente, nos dez bairros mais problemáticos”, destacou o vice-prefeito de Rio Branco, Eduardo Farias.
Ele acrescenta que a situação que o município está passando é preocupante. Em três anos, a doença ficou sob controle, mas, no quarto e quinto ano, o número de casos aumentou.
“O problema é nacional. Nós, sem dúvida nenhuma, precisamos intensificar as ações para voltar os números normais. Com todas as ações, com certeza, os casos irão diminuir”, ressaltou.
Sobre os casos de dengue hemorrágica, o vice-prefeito disse que não significa morte. Acontece quando o paciente não tem uma assistência correta.
“As pessoas ficam com muito pavor, pois pensam que toda dengue é hemorrágica e que toda hemorrágica é morte. Desde 2005, não há nenhum óbito por dengue hemorrágica”, garantiu.
Estiveram na reunião e manifestaram apoio à iniciativa representantes do Corpo de Bombeiros, da Central de Articulação das Entidades de Saúde, Conselho Regional de Enfermagem e presidentes de associações de moradores.
O secretário adjunto de Atenção à Saúde, Thor Dantas, confirmou também que o município está enfrentando um surto de dengue.“Surto é quando a situação de combate não fugiu ao controle das autoridades de saúde, que é o nosso caso. O trabalho está sendo feito diariamente nos centros e hospitais e estamos acompanhando caso a caso os índices da doença”, admitiu.
Clínicas particulares também lotadas
Além dos centros de saúde, as clínicas particulares também estão tendo um fluxo muito alto de atendimento com suspeitas de dengue. A novidade é que, diferente de anos anteriores, o número de crianças infectadas é igual ao total de adultos.
“Até o ano passado, era raro uma criança com dengue, mas desta vez é comparável com o número de adultos. Os problemas vêm aumentando consideravelmente”, disse o diretor da Prontoclínica, Luís Beyruth.
De acordo com ele, em média, 80 atendimentos são realizados diariamente, desse total, 60% a 70% são pacientes se queixando com sintomas de dengue. Para analisar a gravidade da situação, ele citou uma família, de quatro integrantes, que compareceu à clínica para consulta na terça-feira, dia 3.
“Dos quatro, o pai e as duas filhas estavam com dengue comprovada laboratorialmente. Grande parte dos casos que chega ao hospital se confirma”, ressaltou.
O diretor salienta ainda que a dengue não escolhe classe econômica e que, por conta disso, as autoridades de saúde precisam mobilizar a sociedade.
“A população tem que verificar os focos dos mosquitos e evitar os vasos que acumulem água jogados nos quintais. Na verdade, é necessária uma união. Temos que ir de casa em casa e fazer uma varredura”, salientou.

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