domingo, 17 de abril de 2011

80% DOS ACADEMICOS DA UFAC SÃO DE ESCOLAS PUBLICAS

O Colégio Estadual Barão do Rio Branco, que possui a maior clientela de alunos do Ensino Médio, teve em 2009, 42 alunos aprovados no vestibular da Ufac.

De acordo com dados da Comissão Permanente do Vestibular (Copeve), entraram em 2010, pelo processo seletivo vestibular, 2.100 alunos; destes, 80% são oriundos de instituições públicas (Foto: Eunice Caetano

Por muito tempo, os estudantes de escolas públicas apresentavam um índice reduzido de inserção nas universidades públicas. Mas, no Acre, esta situação é diferente, pois registrou-se nos últimos anos um crescimento no número de alunos ocupando vagas na Universidade Federal do Acre.

De acordo com dados da Comissão Permanente do Vestibular (Copeve), entraram em 2010, pelo processo seletivo vestibular, 2.100 alunos; destes, 80% são oriundos de instituições públicas. Alguns deles cursou em parte ou integralmente o ensino médio em instituições do Sistema Estadual de Educação.

O Colégio Estadual Barão do Rio Branco, que possui a maior clientela de alunos do Ensino Médio, teve em 2009, 42 alunos aprovados no vestibular da Ufac. Em 2010, foram 62. De acordo com a gestora da escola, Meiry Silva, o crescimento deve-se a um trabalho coletivo realizado pela equipe de professores existentes nas escolas.

“Desenvolvemos o Projeto Orientação Vocacional/Profissional, onde tentamos despertar os alunos para a importância da escolha da profissão e de uma carreira em nível superior. Uma das atividades do projeto é realizar visitas às universidades públicas e particulares, para conhecer a estrutura, funcionamento, cursos oferecidos e perspectivas de ingresso no mercado de trabalho”, explica a gestora.

Dyemison, aluno da Escola Estadual José Rodrigues Leite, é um exemplo de que quando se luta pelos sonhos, eles se tornam realidade. Ele passou no último vestibular da Ufac no curso de medicina com apenas 16 anos. “Estudei o Ensino Médio em escola pública, mas o meu sucesso deve-se a todo esforço coletivo que desenvolvi com a minha família, professores e alunos. Além disso, eu fiz uma programação diferenciada em todos os anos em que me preparei para o vestibular, abdiquei de muitas atividades para me dedicar ao meu objetivo principal”, revela Dyemison.

A vida de Dyemison foi reformulada para conseguir realizar seu grande sonho. Segundo o jovem, ele estudava o 3º ano do Ensino Médio no horário da manhã, à tarde ia para o estágio supervisionado em uma rede bancária e à noite fazia curso pré-vestibular. Nos finais de semana ele fazia uma programação para estudar as disciplinas específicas do curso e as que percebia uma maior dificuldade com o aprendizado. O recado de Dyemison aos estudantes que sonham em entrar em cursos com um nível alto de competição:

“Pratique a leitura como um estilo de vida e não apenas para ter sucesso”

Outro exemplo de perseverança é o da senhora Maria Cidália da Silva, estudante da Escola Theodolina Falcão Macedo, que com 47 anos foi aprovada no curso de saúde coletiva da Ufac. “Voltei a estudar há cinco anos e decidi que ia fazer um curso superior. Quando retornei aos estudos percebi que a escola pública não é como muitos dizem por aí, a escola pública é boa. Os professores que trabalham com a Educação de Jovens e Adultos estavam preparados para ensinar pessoas que, como eu, passam o dia trabalhando e à noite têm que ir para aula. Esses educadores utilizaram metodologias que fizeram a aula atrativa e dinâmica”, revela Maria Cidália.

Governo do Estado ofertará pré-vestibular e simulados online

Pensando em contribuir com o sucesso profissional dos alunos de escolas públicas, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Educação, lançará este ano projetos para o Ensino Médio como pré-vestibular, simulados online, atividades formativas no contraturno, e um acompanhamento com profissionais capacitados para realizar orientação vocacional para quem ainda não decidiu qual área irá seguir.

Este ano foram criados os Núcleos de Estudos de Línguas, que oferece a língua estrangeira gratuitamente, em um espaço exclusivo com cinco salas de aulas, que comportará aproximadamente 1.200 alunos. A prioridade das vagas inicialmente será destinada para os alunos do ensino médio.

Para o Secretário de Educação, Daniel Zen, estas são ações que visam aumentar as condições de aprendizagem aos estudantes. “A intenção é abrir caminhos para uma educação integral com um currículo ampliado e heterogêneo”, explica o secretário.

A Secretaria de Estado de Educação está formando um grupo de professores para trabalharem com o pré-vestibular. “O nosso objetivo é estimular o aluno para a construção cotidiana de uma cultura de auto-aprendizagem”, disse Marco Brandão, Diretor de Inovação da SEE.

Os100 dia de Tião sobre a ótica não oficialista

Dom, 17 de Abril de 2011 08:57

Avaliar 100 dias de uma administração é no máximo um exercício de futurologia. Não se pode medir a capacidade de um governante neste período porque, o que existe até aqui são iniciativas e intenções e, nada além. É como analisar o quadro de um pintor nas suas primeiras pinceladas. Pesquisa de opinião sobre um governo que mal começou não tem valor científico, por não existir nem o que pesar ou medir. O que pode ser feito são avaliações pontuais.

Primeiro tem que se situar o Tião Viana como o governador que pega o Acre no seu pior momento. Seja pelo lado financeiro, seja pelo político. Não interessa quem o antecedeu. Não se pode tecer algum comentário se não se colocar dentro deste contexto. Durante as gestões de Jorge Viana e Binho Marques, os recursos chegavam ao Estado em carretas. Não porque o Estado tivesse importância ou projeção política, pelo contrário, temos menos importância eleitoral que um bairro médio de São Paulo. Mas, pela ligação que o ex-presidente Lula tinha com a região, onde iniciou sua luta política: as portas dos ministérios se abriam à simples menção do senador Jorge Viana ou do governador Jorge Viana. Lula não escondia a ninguém, fazia questão de escancarar que, os Vianas eram seus amigos pessoais. Com Dilma Roussef,não existe a simbiose, nem de perto. Aliado ao fato some-se o corte de 50 bilhões de reais do orçamento do governo federal e o crescimento da inflação, o que deve levar a novos cortes. Se antes a torneira estava aberta, agora está com cadeado.

Esse quadro já teve o primeiro reflexo. Pela boca do assessor Nepomuceno Carioca, o “Richileau” do PT, já foi dado o recado que, nem pensar em reajuste salarial a qualquer categoria. Mas, mesmo nesse horizonte de dificuldades existem iniciativas boas do Tião, como por exemplo, a mexida no sistema de saúde pública, melhorando o atendimento. Longe de ser o ideal, mas, que, deu uma melhorada, não há como se olvidar. Isso pode ser medido pela diminuição das críticas. O gargalo continua sendo a tensa relação com a classe médica. Se conseguir cumprir a difícil missão de contratar cem novos médicos vai avançar muito. Chegar ao fim do seu mandato tendo a saúde como vitrine já mostrou ser esta a sua obsessão.

Poderia situar também como positivo a queda dos índices da dengue, que recebeu em níveis alarmantes. Não deixar que, no próximo inverno se chegue aonde se chegou nestes três primeiros meses do ano, será um teste sério.

“O Acre vai crescer explorando seringais nativos e óleo de copaíbaba”

Outro ponto que chama atenção é o da industrialização. Hoje, seria uma utopia falar nisso com o atual parque energético. Só é viável com a conclusão do segundo linhão. O caminho é esse mesmo, de começar a pensar grande: acabar com a fantasia econômica que o Acre vai crescer explorando seringais nativos e extraindo óleo de copaíba. Euclides da Cunha há 100 anos já dizia que o extrativismo estava falido. O PT está 12 anos no comando e continuamos na economia do contra-cheque do final de cada mês. Sem indústrias não se vai a lugar algum. Se o Tião conseguir atrair indústrias, como tem demonstrado que pretende, para gerar mais emprego e renda na iniciativa privada, deslancha sua administração. Ou o Acre vai continuar patinando. A bolha do empreguismo estatal está em vias de explodir. Tomou a iniciativa certa ao dar uma guinada neste sentido. Se concretizar estará dado o grande salto para tirar o Acre do marasmo econômico de décadas. Nada mais falso que, “o Acre é o melhor lugar do mundo para se viver”.

O resto é varejo que todo governador acreano de uma forma ou outra já fez.

Outro grande desafio do Tião Viana não deixa de ser o da política. Chegou no mandato com a FPA no seu pior estágio desde sua fundação há 12 anos. A FPA perdeu na Capital e no restante do Vale do Acre, e por bem pouco não perde o governo. No Juruá, ganhou porque o prefeito Wagner Sales cruzou os braços para o governo. Um nome em que ninguém apostava no dia do seu lançamento acabou pescando uma vaga no Senado, o hoje senador Sérgio Petecão (PMN). O PT, não há como negar, entrou naquilo que os fabricantes de aviões denominam de “fadiga de material”. Mas, ainda assim muitas de suas lideranças continuam arrogantes (não aprenderam a lição das urnas), com o rei na barriga, com a falsa tese que, antes de Adão e Eva nasceu o PT e que foi o partido que descobriu o mundo. Ganha com os aliados e governa só. Quando disputava eleições sem alianças perdeu todas de “buchuda”. Acaba de perder um deputado por falta de diálogo, hoje a base do governo claramente tem uma ala rebelada. Aliás, não difere muito na Aleac, neste aspecto, do governo Binho. Recente notas em um diário da Capital chamando de “chantagistas” os deputados da base que, não dizem apenas amém e sim senhor, é uma prova que não calçaram as sandálias da humildade. Isso só acirra os ânimos.

O Tião precisa dizer aos “cuecas apertadas” do PT que não ganharam o governo só.

O governador Tião Viana tem que chamar urgente a coordenação política para seu colo ou esse caldo de cultura de reações vai aumentar no Legislativo. Não é nada científico, mas, se a oposição ganhar na maioria dos municípios em 2012 pode criar um fato que são os acordes da orquestra no naufrágio do Titanic. Como político, o governador sabe como funcionam os humores nas casas legislativas. Na minha avaliação, a falta de simbiose entre governo e deputados é o grande calcanhar de Aquiles desses primeiros 100 dias.

Outro ponto negativo: sua agência de publicidade continua a padecer de criatividade.

Mas, é uma utopia a oposição pensar que já ganhou a prefeitura da Capital e da maioria dos municípios. Parece previsão de mãe de santo. E se previsão em macumba fosse verdadeira todo mundo acertava na mega-sena. Cada eleição é uma eleição, é uma máxima da política

É um erro avaliar qualquer governo no definitivo nos cem primeiros dias. Tião Viana acorda cedo e dorme tarde, tem um ano e oito meses antes da eleição municipal e pode perfeitamente chegar bem avaliado na disputa do próximo ano. Uma coisa é disputar uma eleição com o Binho no governo, que via a política como obrigação, a outra é enfrentar no comando um Tião Viana que respira política.

Portanto, “és temprano” para a oposição festejar. E para a base do governo apostar no paraíso. O que dá para rir dá para chorar, diz o velho mas sempre atual ditado.

O resto é ilação.

Luis Carlos Moreira Jorge