sábado, 27 de agosto de 2011

PARQUE ECOLOGICO DE PLACIDO DE CASTRO

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ecoparque Municipal do Seringueiro: ecologia do abandono



Criado pela Lei nº 038, de agosto de 1991 o Parque Ecológico que nasceu como status de referência na preservação do meio ambiente na Amazônia, “que era para ser o mais importante parque ecológico do Acre, com 34 hectares e mais de 100 espécies da flora tropical, hoje não passa de um projeto abandonado e destruído pela ação do homem, sem compromisso com o meio ambiente.”

Ilustração 1 (08/1991): Fonte: Blog do Luiz Pereira. Da direita para a esquerda: Sirley Paiva - primeira dama do Município, Fátima Almeida - primeira Dama do Estado; Governador Edmundo Pinto, Soldado Célio Freitas, dentre outros.
Ao visitante logo era visível a frase que desde logo já o instruía sobre o comportamento e respeito com o ambiente, o qual naquele local se deveria tomar: “Daqui nada se tira, apenas fotografias. Nada se deixa, apenas pegadas. Nada se leva, apenas boas lembranças”.
Ilustração 2. Fonte: Blog do Peter Lucena


Formado por três ecossistemas: o terrestre, o aquático e o de transição. O terrestre formado pela capoeira alta, campo sujo e floresta tropical aberta; o aquático formado pelos igarapés Alvoredo e Visionário, e o de transição formado pela floresta tropical aberta, a qual fica submersa durante três meses no período o inverno. O acesso ao parque, formado pelo varadouro iniciado na rodovia AC-475, km 2, por muitos anos era o caminho de entrada, passagem dos turistas rumo ao barracão, casa em que havia todos os pertences do patrão. Logo à esquerda, mais aos fundos do campo estavam localizadas a casa do seringueiro e a defumaceira. Era um local de tranqüilidade e volta ao passado dos seringais, era ali que o seringueiro podia reviver e recordar, ao menos em instantes se desligar do mundo atual e adentrar em sua fantasia na vivência junto à floresta amazônica da época dos grandes seringais, ali mesmo tocando nos utensílios utilizados na extração do látex, a cabrita, a poronga, as tigelas, a defumaceira, os princípios de sernambi para a formação da péla da borracha, reviver o passado ao menos em fantasias e fortes lembranças presentes, materializadas naqueles utensílios seringalísticos tão importantes para os antigos (arigós) e descendentes, quanto para a formação da nossa própria história placidiana. Nos arredores do barracão, já na floresta, encontravam-se as árvores e demais plantas da floresta, dentre as quais castanheiras, seringueiras, palmeiras, bananeiras bravas, angelins, catuabas, bacabas, mogno, açaí, patoá, cacau nativo e apuí. Aves e passarinhos faziam a festa no parque cantando em sinfonias cujas melodias atraíam a atenção dos turistas e visitantes.

O varadouro se ramificava em várias trilhas as quais davam acesso tanto às seringueiras, trilhas de seringas, quanto à observação dos vários tipos de plantas nativas da Amazônia, as quais eram identificadas com placas com seu nome comum e seu nome científico. Havia também os animais da floresta que habitavam aquele local, os quais poderiam ser vistos ao caminhar das trilhas, serem observados bem de perto, num contato total com a natureza que logo os sentidos humanos percebiam aquela sensação de ar fresco e puro da mata densa, o qual amansava a alma humana e nos tornava mais naturais porque o ar fresco purificado pela floresta densa que circula na mata nos amansa aproximando-nos mais da natureza, num total relaxamento da mente, um alívio para a saúde mental de cada ser humano que, naquele instante de visita fazia nos esquecer da conturbação do mundo exterior, cheio de problemas e compromissos.

A cidade tornou-se um ponto de freqüentes visitas de turistas que vinham da Capital e de várias outras localidades para visitar o parque ecológico e aproveitar a oportunidade para fazer compras de produtos importados na recém criada Vila Montevidéo, no lado boliviano.

Finais de semana e feriados podia-se perceber a fileira de carros que se formava desde a sede da Prefeitura até a Praia do Marco, o que aumentava o movimento na cidade, nos hotéis e restaurantes. Foram tempos de grande movimentação no município, jamais vistos anteriormente.

Apesar de toda essa iniciativa rumo à preservação ambiental, o destino do Parque Ecológico foi trágico. A área foi local de um grande incêndio que queimou boa parte da floresta, e, se não bastasse isso, o poder público municipal abandonou de tal forma a conservação e preservação da área ecológica que atualmente o que se vê é apenas um grande matagal. Por outro lado, os órgãos públicos que deveriam fazer a fiscalização, fazem vista grossa frente ao abandono de uma área ecológica destinada especificamente à preservação da natureza, ao turismo e ao estudo científico.




Ilustração 3 (08-02-2011). Fonte: Valentin. Entrada do Parque Ecológico.
Não há mais a placa de sinalização de que ali é uma área ecológica.

Apesar de, no dia 03 de maio de 2010 a Prefeitura com a colaboração da comunidade escolar terem iniciado um processo de revitalização da área de preservação, com plantação de várias espécies de árvores tais como ipê branco, amarelo e roxo, cedo, mogno, açaí, baginha e samaúma, não continuaram o processo de limpeza, reabertura das trilhas, construção do barracão, do taperi e da defumaceira, deixando o local abandonado à própria natureza, sem limpeza e sem um guia turístico para o local. Não foi realizada também a reabertura do parque ao público, com divulgação na mídia, para que as pessoas soubessem que ali está funcionando uma área de preservação ambiental.


Ilustração 04 (08-02-2011). Fonte: Valentin. As trilhas estão desaparecendo aos poucos
com o fechamento da floresta.


Ilustração 05 (08-02-2011). Fonte: Valentin. No meio do Parque
só existe o vestígio das construções do barracão e da casa do
seringueiro.


Ilustração 06 (08-02-2011). Fonte. Valentin. Reflorestamenteo realizado no ano de 2010.

Ilustração 07 (08-02-2011). Fonte: Valentin. Rodovia AC-475,
em frente ao Parque Ecológico.

Ilustração 08 (08-02-2011). Fonte: Valentin. Ramal ao lado do Parque Ecológico.

Ilustração 9 (08-02-2011). Fonte. Valentin. As construções dentro do Parque
estão desaparecendo com o total abandono.



Antonio Valentin
Redator do ambienteplacidiano

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